quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Apelo do Comité Central do KKE para as eleições de 25 de Janeiro de 2015



É NECESSÁRIO QUE NO DIA APÓS AS ELEIÇÕES O KKE ESTEJA FORTE!


OPOSIÇÃO POPULAR FORTE, UNIDADE E LUTA PELO DERRUBE DO SISTEMA!

Trabalhadores, empregados, trabalhadores independentes, desempregados, camponeses, reformados, jovens e mulheres de familias populares.

Apelamos a que apoiem e fortaleçam decisivamente o KKE nas eleições gerais. 

Pensem que após as eleições, o novo governo, a União Europeia e os memorandos permanentes, as velhas e novas medidas antipopulares exigidas pelo capital, para tornar mais competitivo o mercado capitalista mundial, vão continuar a torturar o povo.

Continuarão a existir as leis anti laborais que foram votadas por todos os governos e que não vão ser suprimidas.

Continuará a existir a dívida insuportável que é reconhecida pela ND, PASOK, SYRIZA e  todos os partidos da União Europeia, que pedem ao povo que a pague embora não tenha sido ele quem a criou, nem deva nada.

Continuará a existir as contradições e as disputas na zona euro sobre a gestão do défice  da dívida, que foi criada pelos capitalistas, e é paga com o fim de aumentar os lucros capitalistas, de acordo com a lei do mais poderoso, sempre à custa dos interesses populares.

Acima de tudo, continuará a existir o capital, os monopólios nacionais e estrangeiros que têm o controle da economia, e o poder real permanecerá, e exigirá ainda mais privilégios na fase de recuperação, sempre à custa do povo. Para investir exigirão que a força de trabalho seja ainda mais barata e subjugada. O desemprego continuará, mesmo que se façam alguns investimentos.

Continuará a existir o poder do capital, o estado que serve fielmente os interesses dos monopólios à custa do povo e define o papel de cada governo.

Independentemente do curso das negociações com a Troika e da transição para uma nova fase de supervisão, os monopólios exigem novas medidas antipopulares, tal como o completo desmantelamento do sistema de segurança social, novos cortes nos salários e nos rendimentos do povo, privatizações, e a restricção da actividade sindical. Portanto, em tempo de crise como em tempo de recuperação, o povo não será aliviado sem luta, sem entrar em conflito com os interesses do capital.

Por isso, no dia após as eleições, o povo trabalhador precisa de um KKE forte no parlamento, e em toda a parte, uma força de resistência e contra ataque operário e popular.

É a garantia contra a insegurança e a incerteza em que a classe operária e o povo se podem apoiar.

Um KKE forte para se abrir caminho para a única solução favorável ao povo, o cancelamento unilateral e completo da dívida, a saída da União Europeia e da NATO, a socialização dos monopólios, para a prosperidade do povo, com a classe operária no poder, por uma perspectiva socialista. O povo precisa do  seu próprio governo, o governo do poder operário e popular, e com o KKE a desempenhar um papel de liderança. Para se tornarem realidade os ideais e valores do povo por uma sociedade sem exploração do homem pelo homem.

Um KKE forte para que o povo não se deixe enganar novamente pela chantagem e as ilusões. Porque o KKE estará contra os governos de uma ou de outra versão da gestão burguesa que não só não garantem a recuperação das enormes perdas do povo, como  seguem o mesmo caminho que conduz a maiores riscos e tratarão de enganar novamente o povo com migalhas. O KKE desempenhará um papel importante dentro e fora do Parlamento, para que exista uma oposição militante, que exerça uma verdadeira pressão popular. Isso não tem existido até agora devido a vacilações ou a ilusões.

Um KKE forte porque é a força que, sem contrariedades nem recuos, desempenha um papel importante na organização da luta do povo pela abolição de todas as leis relacionadas com o memorandum e a recuperação das perdas do povo. Esforça-se de forma consequente e desinteressada pela justa causa  dos trabalhadores, dos empregados, pelos direitos dos jovens, das mulheres, dos desempregados, dos trabalhadores independentes, dos camponeses pobres, para organizar a solidariedade do povo.

Um KKE forte porque luta contra a participação da Grécia nas alianças e guerras imperialistas que estão em curso ou se estão a preparar para servir os interesses dos grandes grupos empresariais. Defende os direitos de soberania do país contra a NATO e a UE, contra os que enganam dizendo que  as organizações imperialistas protegerão os direitos soberanos, a paz e a segurança do povo. Luta pela saída da Grécia da NATO, para que a Grécia deixe de apoiar e participar em intervenções militares à custa dos povos.

Um KKE forte para que se reavive o movimento operário e popular, para que se estabeleça e se reforce a aliança social popular contra os monopólios e o capitalismo. Luta pelo isolamento e derrota da ideología e da actividade fascista do Amanhecer Dourado.

Trabalhadores, jovens, desempregados, reformados. 

Face à batalha eleitoral, o governo de coalizão ND-PASOK e funcionários da União Europeia investem novamente na propaganda alarmista e na extorsão, para enganar o povo e conseguir o seu consentimento para a continuação desta política antipopular. Invocam a estabilidade e a suposta  necessidade de não colocar em perigo os sacrifícios do povo grego. Os dilemas de intimidação não se dirigem principalmente à disputa bipartidária com o SYRIZA. O governo sabe muito bem que o SYRIZA não questiona a UE nem o sistema capitalista. A extorsão e os dilemas  dirigem-se sobretudo ao povo e têm como objetivo assegurar a submissão do povo ao caminho antipopular e aos tormentos que traz.

O governo mente quando afirma que as novas medidas antipopulares se podem evitar se houver estabilidade política e se apaziguem os credores. Porque as velhas e novas medidas  não são apenas uma exigência dos credores. São directivas da União Europeia desde há anos, parte integrante da estratégia do grande capital na Grécia e na Europa, para que a força de trabalho se torne ainda mais barata. Em todos os países da UE e da zona euro se realizam essas reformas antipopulares tanto com governos de direita (p.ex. na Alemanha) como social democratas (p.ex. em França, em Italia).

Portanto, o governo e outros centros do poder burguês (a Federação Helénica de Empresas, meios de comunicação etc.) falam constantemente da “necessidade de continuar com as reformas, inclusivamente por vontade própria”. O SYRIZA está a esconder esta realidade do povo. As reformas que propõe estão na lógica da União Europeia e dos empresários.

O SYRIZA não é uma alternativa favorável ao povo. Está a tentar ganhar as eleições e por isso  tem-se transformado rapidamente num partido de gestão burguesa anti operária. Oculta as causas da crise económica capitalista e esconde a cara da exploração do capitalismo, o poder do capital.

A liderança do SYRIZA não só oferece garantías aos credores, à União Europeia, aos “mercados” que não vai actuar unilateralmente, antes lhes pede que confiem e apoiem um governo do SYRIZA porque pode servir melhor os seus interesses (reuniões com fundos de investimento na City de Londres). Além disso, mesmo a nivel de slogans, abandonou as declarações acerca da “anulação” e “abolição” do memorandum e sobretudo das leis de compensação para a recuperação das prejuízos do povo, o restabelecimento do 13º e 14º salário, da 13ª e 14ª pensão para os reformados, e a abolição dos pesados impostos. Não questiona os mecanismos de vigilância da UE, os orçamentos equilibrados, os semestres europeus, quer dizer “os memorandos permanentes” à custa dos povos. Neste contexto, está a promover alianças com antigos dirigentes, ministros e deputados do PASOK, da Izquierda Democrática etc. que apoiaram os memorandos e as medidas antipopulares.

Ao mesmo tempo, o SYRIZA está a utilizar a falsa retórica “radical” de forças oportunistas no seu interior, sobretudo da chamada “Plataforma de Esquerda”, tratando de apanhar as pessoas de esquerda, os trabalhadores jovens que estão preocupados e têm uma posição política militante. Repete-se a táctica conhecida da social democracia, do PASOK, que tem uma tendência “esquerda” que supostamente está a exercer pressão sobre a liderança, quando na realidade lhe oferece um alibi de esquerda. No mesmo sentido, as alianças eleitorais formadas por ANTARSYA estão a desorientar o povo já que têm alguns objetivos de luta como “a saída do euro” sem romper com o quadro actual de controle da economía pelo poder do capital.

O SYRIZA, sobretudo nos últimos dois anos, tem-se mostrado útil para o capital com o fim de minar o movimento operário e popular. Não só não utilizou a sua alta percentagem eleitoral para o fortalecimento da mobilização do povo, como promoveu a ideia da “espera”, a ideia de confiar o seu futuro a outros, restringindo a intervenção popular à participação nas eleições e na decisão de que governo vai implementar a política antipopular. Isto também mostra que não está disposto a entrar em conflito com os interesses capitalistas na Grécia e na Europa. A vida  demostrou que o aumento da percentagem eleitoral do SYRIZA, será à custa da luta operária e popular.

Trabalhadores, jovens, desempregados, reformados.

Nos últimos tempos, tornou-se ainda mais claro que a disputa entre o governo e o SYRIZA se centra nos “mercados”, ou seja, sobre qual dos dois ganhará o “favor” do capital. Estão tratando de assumir o papel do negociador mais capaz para os interesses do capital e não para os interesses do povo. Ambos falam de “consenso nacional”, que significa a paz social e de classes, a submissão do povo aos interesses do capital.

As suas diferenças têm que ver com a fórmula de gestão do desenvolvimento capitalista. Ambos embelezam o seu conteúdo antipopular e de classe. O SYRIZA está a pedir o  relaxamento da disciplina fiscal rigorosa, unindo forças com a França e a Itália que estão continuamente  a tomar medidas à custa dos seus povos, para exercer uma maior pressão sobre a Alemanha.

No entanto, ao mesmo tempo, o governo e o SYRIZA estão a ocultar que nem o ajuste da dívida nem o relaxamento da disciplina fiscal vai levar ao alívio do povo mas ao aumento do apoio estatal aos grupos empresariais nacionais, e dos investimentos. A redução da dívida, seja pela proposta da ND ou pela do SYRIZA, será feita através de um acordo com os parceiros e será acompanhada por novos compromissos impopulares, tal como aconteceu com o “corte” do PSI em 2012, e noutros países.

No entanto, nenhuma mudança na forma de gestão pode impedir a eclosão da crise, nem levar a um desenvolvimento capitalista favorável ao povo. Isto foi demonstrado pelo exemplo dos EE.UU. e do Japão.

O governo de coalizão da ND-PASOK e SYRIZA, apesar das suas diferenças, enganam o povo prometendo-lhe o mesmo: que se a economia capitalista se fortalecer, o povo beneficiará. Isto é mentira. Qualquer forma de recuperação capitalista será construída nas ruínas dos direitos dos trabalhadores, não dará trabalho decente para os milhões de desempregados. As chamadas vantagens “comparativas” para a reconstrução da economia do país, invocadas pelo governo e pelo SYRIZA, têm a ver com as capacidades das grandes empresas de conseguir ainda maior rentabilidade.

Mesmo que a recuperação, se alcance, será fraca num período em que a recessão em alguns países capitalistas fortes ou o sobre endividamento de estados pressagiam um novo ciclo de crises mais profundas. Portanto, o capital insiste num “consenso nacional” que não é rejeitado nem por ND-PASOK, nem pelo SYRIZA, amarrando o povo aos interesses do capital. A sua disputa tem que ver com quem vai chegar à frente.

Na nova festa do capital somente haverá migalhas para o povo. O governo e o SYRIZA competem entre si e prometem dar migalhas para a “pobreza extrema” que resultam da hemorragia de outros trabalhadores e se desvanecem no dia seguinte devido às medidas antipopulares. Ambos promovem a política da União Europeia e do capital com medidas de tipo “recolher dinheiro dos pobres para apoiar os indigentes”, que não custam nada ao capital. Servem o objetivo do capital de que a base dos salários e das pensões deve ser o miserável rendimento mínimo garantido.

A ND distribui o “dividendo social” e o SYRIZA promete cantinas e a recuperação do 13º mês para os reformados mais necessitados. Mesmo a proposta do SYRIZA de restaurar o salário mínimo é uma frase vazia porque não afeta milhares de trabalhadores, sobretudo os jovens que trabalham com relações laborais flexíveis e nem sequer recebem o salário mínimo reduzido. Na essência, fomenta a conhecida  propaganda reacionária, sobre trabalhadores privilegiados e não privilegiados que abre o caminho para um ataque contra a maioria dos trabalhadores com maiores salários. Além, em muitos países da União Europeia o aumento dos salários mais baixos  separadamente, sem a recuperação das convenções colectivas, foi utilizado para a diminuição do salário médio.

Não devemos conformar-nos com migalhas. O critério da postura e luta do povo devem ser as suas próprias necessidades e as dos seus filhos. O critério deve ser também o grande potencial de desenvolvimento que oferecem a tecnologia, a ciência, o potencial de desenvolvimento do país, para a satisfação das necessidades das pessoas, se tudo isto estiver ao serviço do povo.

Trabalhadores, jovens, desempregados, reformados.

Dirigimo-nos a vós entendendo o vosso desejo de se livrarem dos memorandos, das políticas injustas e dos governos antipopulares. Sentimos a  vossa ansiedade pelo futuro, pelos vossos filhos, por viver dias melhores.

Confiamos no povo e no seu poder. O povo tem a força e a responsabilidade de não ser espectador passivo, de não ser enganado pelos ataques antipopulares levados a cabo pelos governos da União Europeia e do capital. O povo pode tirar conclusões e não permitir que se repita o sistema bipartidário antipopular do passado.

O KKE tem de ser forte em todos os lugares, porque é o único verdadeiro opositor dos monopólios e do seu poder, da UE, dos memorandos permanentes, dos governos antipopulares.

Haverá um governo após as eleições. Na verdade, há vários partidos e formações dispostos a contribuir para isso. Para o povo o que é importante é que o KKE seja forte, para que o povo também seja forte.

Vocês sabem que o KKE é uma força estável e firme contra todos os ataques anti operários e anti populares. Sabem o que o KKE fez durante 96 anos e que foi a única força da oposição operária e popular dentro e fora do parlamento nos últimos 3 anos, a partir das eleções de 2012. Em toda a parte se nota a contribuição e o impacto da luta dos comunistas. No entanto, também viram que a redução da influência eleitoral do KKE teve um impacto negativo na dinâmica e no carácter de massas do movimento operário e popular. No entanto, como sabem o KKE não se deu por vencido. Apoiou os trabalhadores assalariados, os  camponeses, os trabalhadores independentes, os reformados, os alunos e os estudantes pelo direito à saúde, à segurança social, à pensão, à educação, à protecção da renda e da habitação, das instalações para os trabalhadores independentes e os camponeses contra empréstimos usurários e impostos insuportáveis. O KKE nunca mentiu ao povo.

Dirigimo-nos sobretudo aos que pensam justificadamente que a situação não pode continuar assim, que “eles têm que ir”. Há que rejeitar o governo actual ao rejeitar a estrategia da União Europeia e do capital, e não eleger outro governo que vá aplicar a mesma estratégia com algumas diferenças insignificantes para o povo. Cada uma e cada um deve pensar que: nos anos anteriores  alternaram governos de um só partido e governos de coalizão, extorquindo o voto do povo, fomentando o medo do “pior” e ilusões sobre o mal “menor”. Mas o que mudou para o povo? Enquanto o país permanece preso nas cadeias da União Europeia e do caminho de desenvolvimento capitalista que ficou antiquado e obsoleto, a armadilha do “mal menor” levará a outros governos anti populares. O povo deve libertar-se dos governos anti populares e da sua política, e tomar ele mesmo o poder. A situação actual na Grécia e a nível internacional não permite perder mais tempo.

Dirigimo-nos a vocês que se sentem radicais, de esquerda, progressistas, que tendes experiência e memória, que tomaram parte nas lutas e que hoje pensam votar SYRIZA, com um peso no coração e pouca esperança, na lógica do “mal menor”.  Hoje, podem ver mais claramente que a liderança do SYRIZA dá credenciais ao capital e aos organismos imperialistas e corta todos os laços com a história do movimento popular. Dá oportunidade às forças mais reacçionárias de caluniar as tradições combativas do nosso povo. Rapidamente está a ocupar o lugar da social democracia, adoptando uma versão pior que antes porque a situação do capitalismo é pior e a situação do movimento operário é também pior.

Dirigimo-nos a vocês que mesmo não concordando com o KKE em tudo ou que têm reservas quanto a algumas posições, entendam, no entanto, que o KKE é o apoio firme do povo. Tudo o que o povo ganhou, ganhou-o com lutas e com o KKE na primera linha. Quando o movimento e  KKE se viram debilitados, o povo também teve perdas.

Pensem que força estará amanhã ao lado do povo, na primeira linha da luta pelos salários, o trabalho, e seus direitos.

O KKE faz um chamamento a todos os jovens preocupados, aos trabalhadores, aos reformados, a todas e todos que não se conformam com a pobreza e o derrotismo a unir forças com ele.

Convida-os a votar e fortalecer o KKE em toda a parte. Para que se fortaleça o povo, a resistência e a luta popular, a aliança popular contra os monopólios e o capitalismo, para abrir o caminho na perspectiva do poder operário e popular.

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